terça-feira, 18 de julho de 2023

Modernização dos buggys: indicativo de uma demanda reprimida por modelos de perfil mais generalista com uma configuração mecânica semelhante?

Da origem como mais um derivado do Fusca e voltado ao uso recreativo no litoral, o buggy é um tipo de veículo que ainda encontra fãs fervorosos mesmo em grandes cidades, embora seja naturalmente um pouco menos conveniente para a proposta de um veículo generalista, além de dificuldades mais recentes no tocante à homologação de novos projetos em conformidade com as normas de segurança e emissões em vigor terem fomentado alterações significativas no próprio conceito desses veículos. O uso de chassi Volkswagen e do motor boxer refrigerado a ar provenientes do Fusca e outros derivados tem dado lugar a chassis tubulares próprios, com conjuntos de suspensão eventualmente bem mais sofisticados como o sistema de suspensão dianteira duplo-A usado em algumas versões do buggy Way que já vinham sendo modernizadas para acompanhar o maior rigor das normas técnicas e continuar atendendo à demanda em especial no Nordeste onde concentra-se o principal volume de vendas em função do turismo, mas fica o questionamento quanto à aptidão que poderia ter algum veículo de perfil mais generalista com motor e tração traseiros como continua habitual nos buggys, tendo em vista que tais características serviam bem ao tráfego em condições de terreno um tanto rústicas ainda comuns pelo interior. Assim como a própria Volkswagen alcançou uma liderança de mercado que se sustentou desde a época áurea do Fusca até por volta de 2001, quando a Fiat chegou a tal posição pela primeira vez no Brasil e a tração dianteira já era o padrão nos segmentos generalistas, também acaba sendo inevitável lembrar que o uso da disposição de motor e tração traseiros com conjuntos motrizes fornecidos pela Volkswagen tornou os utilitários da Gurgel atrativos o suficiente para atrair a uma parte mais austera do público que ainda sustentava uma continuidade da produção da linha Jeep Willys que a Ford manteve entre '67 e '83 valendo-se do espólio da Willys-Overland do Brasil.

Naturalmente fabricantes generalistas que desejam vender pick-ups 4X4 e SUVs de tração dianteira vão ver com algum desdém uma parte do público que eventualmente ainda fique satisfeita com veículos que tenham configuração mecânica mais austera sem abrir mão da capacidade de incursão off-road, embora a continuidade do segmento de buggys para atender a um segmento bastante específico demonstre ainda haver espaço para opções que hoje soam pouco ou nada ortodoxas como o motor e tração traseiros. Até o compartilhamento de alguns elementos com carros de proposta generalista, a exemplo dos motores e câmbios cuja montagem em posição transversal oportuniza uma instalação "ao contrário" nos buggys dá a entender que a economia de escala estaria longe de ser um desafio maior que a inclusão de ítens como freios ABS ou airbags, embora uma recalibração de controles eletrônicos de tração e estabilidade possa ficar a princípio mais trabalhosa em função da maior integração entre os diversos sistemas eletrônicos a serem aplicados nos automóveis modernos, bem como o perfil mais "especializado" torne difícil sugerir a muitos usuários generalistas a tração traseira que fica rotulada como "retrocesso técnico" se atrelada à imagem do Fusca e da resiliência a condições de rodagem severas que o fez manter um público bastante fiel especialmente em regiões rurais pelo custo operacional comedido em comparação a utilitários 4X4. Enfim, por mais desacreditado que possa parecer num primeiro momento, o princípio de motor e tração traseiros ainda é capaz de atender satisfatoriamente a algumas condições operacionais específicas, a um custo total que pode permanecer mais comedido e com manutenção mais simples que um veículo 4X4 em condições semelhantes de uso, e a continuidade dos buggys com o enfoque no uso turístico serve de exemplo que poderia muito bem ser seguido em outras aplicações por mais específicas que possam ser.

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