sábado, 8 de dezembro de 2012

Carros e motos: paixões não-excludentes

Certa vez, a uns anos atrás, fui indagado por um professor se eu preferia carros ou motos. Na ocasião eu não soube responder, mas hoje posso afirmar que são paixões não-excludentes. Considerando os mesmos ideários de força e liberdade associados tanto a um Dodge Dart De Luxo de 1973 quanto a uma Harley-Davidson Softail da década de 90, ou o prestígio de uma Harley-Davidson Electra Glide Classic e de um Dodge LeBaron, é possível considerar que atraiam públicos-alvo bastante semelhantes...

Alguns fabricantes até atendem tanto ao mercado motociclístico quanto ao automobilístico, como a BMW. E guardadas as devidas proporções, nada impede que os consumidores da motocicleta de uso misto F 650 GS e da sport-utility X3 tenham um perfil parecido, apreciando a capacidade moderada de incursão em terrenos irregulares...

Ironicamente, alguns públicos mais semelhantes do que possam imaginar eventualmente envolvam-se em rixas, como jipeiros e "motoqueiros", ainda que ambos os grupos sejam classificados igualmente como "trilheiros". O mesmo ideal de liberdade e contato com a natureza que ainda faz o glorioso Jeep CJ-5 conquistar fãs não é muito diferente da sensação despertada por uma KTM 250SX-F, e se por um lado o jipão é mais prático para carregar a carne, a churrasqueira, o carvão, a cerveja, familiares e amigos, a relação entre o custo e o desempenho off-road acaba favorecendo as motocicletas...

Em segmentos mais nobres do mercado, uma motocicleta com cilindrada de 5 a 11 vezes inferior como a Ducati 1198 e a Yamaha FZ6 Fazer S2 pode apresentar desempenho comparável a modelos como o Mercedes-Benz SL63 AMG, e preço entre 6 a 20 vezes mais baixo.

Para alguns consumidores, a chamada "performance ambiental" é uma prioridade extremamente relevante, gerando uma atração por híbridos como o Toyota Prius. No entanto, uma motocicleta de média cilindrada pode apresentar médias de consumo semelhantes, e modelos de baixa cilindrada como a Honda CBX 250 Twister podem obter valores até melhores.
Na ponta do lápis, a menor complexidade técnica, decorrente sobretudo de uma menor quantidade de peças, entre as quais algumas que necessitam reposição ao longo da vida útil operacional do veículo como velas de ignição, pneus, lâmpadas e material de atrito de freio e embreagem, faz com que o menor footprint geral torne a motocicleta uma opção mais acertada para os ecologistas de plantão...

Nada impede, também, que se una o melhor de dois mundos com os triciclos: oferecendo capacidade de carga e estabilidade direcional mais próximas a um automóvel, acabam por manter o consumo de combustível contido a níveis mais próximos dos de uma motocicleta de cilindrada semelhante. Alguns, como o antigo Tempo Hanseat/Front alemão, chegavam a oferecer até mesmo boa proteção contra intempéries. Caso não fossem tão subestimados no mercado brasileiro, poderiam constituir até uma interessante alternativa aos carros "populares"...

Apesar das evidentes diferenças técnicas e conceituais, como pode-se observar comparando um Range Rover Evoque e uma Ducati Multistrada, fica cada vez mais claro que nada impede carros e motos de despertarem paixões igualmente intensas junto ao mesmo público-alvo.

Um comentário:

Anônimo disse...

sempre gostei mais de moto mesmo mas não recusaria uma ferrari

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