segunda-feira, 3 de agosto de 2020

5 opções que eu consideraria adaptar num Gurgel Supermini

O meu entusiasmo pela vida e obra de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, bem como a aversão pelos sabotadores que provocaram a falência da empresa Gurgel Motores através de politicagens sujas, não é novidade para quem me conhece. Um dos projetos que mais me chama a atenção é o dos carros de proposta popular, cujo último desenvolvimento a ser efetivamente comercializado foi o Supermini. Mas como seria de se esperar, especialmente no caso duma empresa pequena para o segmento, após a falência o suprimento de algumas peças específicas do motor Gurgel Enertron de 0.8L ficou escasso, e portanto adaptações não são incomuns destacando-se o uso de motores Volkswagen. E apesar de ainda ser melhor do que jogar fora uma parte tão significativa da história brasileira, o peso e comprimento de um motor que seja adaptado altera a distribuição de peso entre os eixos e pode prejudicar a capacidade de trafegar por terrenos irregulares. Considerando algumas peculiaridades do projeto original, e até contrariando alguns dogmas defendidos por Amaral Gurgel, ao menos 5 motores estariam na minha lista de opções para eventualmente adaptar num Supermini original ou mesmo tentar fazer uma réplica caseira...

1 - Yamaha monocilíndrico de 250cc da Fazer/Lander/Ténéré: apesar de ter só 1 cilindro e menos de 400cc e portanto contrariar uma observação feita por Amaral Gurgel quanto à necessidade de ter um motor com pelo menos 2 cilindros e superar 400cc para um carro pequeno alcançar sucesso comercial, o tamanho compacto e a boa disponibilidade de peças de reposição são tentadoras. Recorrendo a uma caixa de reversão como as usadas em transformações de motos para triciclo, ainda que eventualmente fosse necessário posicionar o motor mais à direita para não ter que alterar o túnel de transmissão nem a posição do diferencial num exemplar original, até não seria imprescindível manter o câmbio do carro tão somente para ter uma provisão de marcha à ré. O fato de ser flex, e portanto apto a utilizar não só a gasolina mas também o etanol seria algo a se considerar também, ao menos durante a safra da cana;

2 - motor da atual Honda CB Twister: com uma rede autorizada até mais abrangente a nível nacional que a da Yamaha, e o fato do mesmo motor já ser usado na CRF250F até para exportação favorecem a logística de manutenção e reposição de peças. A mesma observação quanto à provisão de marcha à ré se mantém;

3 - Fiat Firefly de 1.0L e 3 cilindros: considerando o tamanho compacto, e o fato de ter mantido uma configuração de duas válvulas por cilindro e comando simples sincronizado por corrente ainda que já conte também com variação de fase, o sucessor do FIRE pode ser uma boa opção para adaptações. Em que pese o fato da Fiat ser constantemente apontada como um dos pivôs da falência da Gurgel, e não se pode negar que foi a mais rápida entre as fabricantes generalistas de origem estrangeira a explorar o aumento do limite de cilindrada dos carros "populares" de 0.8L definidos durante o governo Sarney em atenção à Gurgel para 1.0L durante o governo Collor, a sensação de estar "traindo" Amaral Gurgel ao adaptar um motor Fiat num Supermini seria outro ponto além do incremento na concentração de peso sobre o eixo dianteiro que me faria considerar essa adaptação com algumas ressalvas;

4 - GM Família II: se a intenção fosse chutar o balde e montar um pocket-rocket, provavelmente seria difícil resistir à tentação de recorrer ao motor Família II desenvolvido enquanto a Opel ainda fazia parte da General Motors e tinha um maior alinhamento com a operação brasileira da Chevrolet. Também seria necessário um grande redimensionamento estrutural para acomodar um motor muito maior e mais pesado que o original e atenuar o inevitável prejuízo à distribuição de peso, de modo que eventualmente fosse uma solução mais fácil de aplicar a uma réplica;

5 - Greaves G600W: o motor de fabricação indiana foi o primeiro Diesel de aspiração natural a ser certificado nas normas Bharat Stage VI equivalentes à Euro-6, e apesar das óbvias limitações que se esperam de um motor Diesel monocilíndrico de refrigeração líquida na faixa de 0.6L mais voltado aos triciclos "autorickshaw" ou "tuk-tuk" tão comuns na Índia e outros países asiáticos seria tentador usar um motor desses como cobaia para algumas experiências até mesmo com biodiesel. Também não seria de se descartar um eventual downgrade na parte de controle de emissões visando um desempenho menos limitado, e eventualmente ainda estaria suficientemente "limpo" por estar homologado numa norma tão restritiva.

2 comentários:

Douglas Antunes disse...

Interessantes as opções, sobretudo porque saem do "lugar comum" de instalar uma mecânica Volkswagen "a ar"...

Pessoalmente, no Supermini, carro com vocação urbana, penderia para a instalação - se acaso fosse legalmente possível - do Greaves G600W. Potência suficiente para o trânsito infernal, economia garantida e ruído/vibrações bem aceitáveis para o uso urbano.

Mas, pra sonhar, pensaria em adaptar um motor 2T - talvez o da RD 350 LC - só pra ouvir o urro do dois tempos girando alegre nesse simpático Gurgel...

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

De fato, um motor 2-tempos seria interessante para adaptar também. Eu acho interessante aquele das KTM EXC 300 com injeção eletrônica.

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