sábado, 11 de dezembro de 2021

Caso para reflexão: KTM Duke 200 e a pouca oferta no Brasil de motos de pequena cilindrada tecnicamente sofisticadas

Uma motocicleta que escancarou o quão atrasado tecnologicamente está o mercado brasileiro quanto a modelos de pequena cilindrada, a KTM Duke 200 chamou a atenção por trazer um conjunto sofisticado tanto a nível de chassi quanto de motor. Dificilmente se vê uma moto abaixo de 250cc com a suspensão traseira monoamortecida, enquanto o garfo dianteiro upside-down hoje é indisponível nas motos mais generalistas até em algumas faixas de cilindrada maiores e que aparentem justificar mais o alto custo da sofisticação. E mesmo que as primeiras tenham vindo sem o sistema ABS, só de trazer freio a disco nas duas rodas também era algo a se destacar, considerando a posição intermediária entre as utilitárias mais austeras entre 150 e 160cc que permanecem oferecendo freios somente a tambor em algumas versões e as monocilíndricas de 250cc que ainda levaram algum tempo para consolidar a presença dos discos até na roda traseira impulsionadas justamente pela maior economia de escala à medida que o ABS ganhava relevância na categoria.

O motor incorporar comando de válvulas duplo até passa longe de ser algo tão surpreendente diante da proposta esportiva da linha KTM Duke, e também relembrando que algumas motos coreanas Hyosung de 125cc montadas no Brasil pela antiga Kasinski também incorporavam esse recurso mesmo contando com uma refrigeração mista a ar e óleo mais simples que a refrigeração líquida que marca presença na Duke. Mas por ser uma monocilíndrica, e portanto mesmo que fosse usada a rústica refrigeração a ar já seria menos problemática em comparação a modelos com uma quantidade maior de cilindros, aos olhos do público generalista essa é uma característica que costuma ser apontada como um supérfluo e até uma inconveniência para consumidores com um perfil mais negligente quanto à manutenção devido à maior complexidade técnica. E se por um lado é pouco provável que um "mano" prefira lidar com o radiador e uma válvula termostática, além de observar as especificações dos aditivos de refrigeração e priorizar o uso de água desmineralizada para fazer a mistura, por outro o controle mais preciso da temperatura logo após a partida já proporciona melhor eficiência e uma diminuição de emissões ao encurtar a "fase fria" na qual o catalisador ainda tem uma menor capacidade de converter gases nocivos, e também seria útil caso a KTM desse uma atenção ao álcool/etanol que é ainda mais sensível ao controle da temperatura do motor para um melhor rendimento.

Vale destacar que na União Européia o modelo é oferecido numa versão 125 ao invés da 200 oferecida no Brasil, considerando também a permissão para se conduzir motocicletas de até 125cc e 15cv/11kW somente com a habilitação para automóveis que é bastante difundida na Europa Ocidental, e já chama a atenção por permanecer apresentando uma potência específica alta de 120cv/l que por motivos políticos se vê restrita diante dos 130cv/l observados no modelo de especificação brasileira com 26cv de potência declarada. Em parte pelo custo proporcionalmente alto em relação à faixa de cilindrada, infelizmente a importadora que representa a KTM no Brasil tem concentrado esforços numa faixa de cilindrada maior na qual o público é mais receptivo à sofisticação, e a Duke 200 deixou de ser oferecida e a perspectiva para chegar a próxima geração é mais incerta. Mas de um modo geral, desde 2015 a KTM Duke 200 foi notabilizada como um choque de modernidade em meio à aparente inércia do segmento das motos de pequena cilindrada para a incorporação de características técnicas mais avançadas.

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