Uma característica ainda apreciada por alguns caminhoneiros, a cabine recuada está cada vez mais rara no mercado brasileiro. Alguns fabricantes, como a Volvo, já não oferecem nenhum produto novo com essa característica, por mais que exemplares remanescentes ainda sejam uma presença constante nas nossas estradas...
O longo capô, muitas vezes, também colabora com uma maior incidência de pontos cegos, comprometendo a segurança em manobras.
Um fator decisivo para a atual prevalência da cabine avançada é a racionalização da plataforma de carga, como pode ser exemplificado pelo fim da produção dos caminhões Ford Série F brasileiros, visto que a cabine mais compacta dos Ford Cargo libera mais espaço na extensão do chassi, ampliando a capacidade volumétrica mantendo o comprimento do veículo inalterado.
Em caminhões leves, os mais comuns em operações urbanas, a cabine avançada é bastante apreciada, ainda que a maior complexidade do sistema de basculamento da cabine em comparação com um modelo convencional faça com que alguns modelos com cabine semi-avançada sejam mantidos em linha.
Se por um lado não proporcionam todo o aproveitamento de espaço como uma cabine avançada, por outro já é um avanço em comparação com um modelo de cabine convencional, sem no entanto gerar um custo muito superior.
Mesmo em alguns modelos de cabine avançada, como os antigos Agrale série TX, a cabine avançada trazia um simples alçapão interno para acessar o motor e periféricos por baixo dos bancos, sem tanta complexidade e alto custo. Tal solução é mais comum em modelos de origem asiática, como o Hyundai HR. Evitando o rebatimento frontal da cabine, também acaba por ocupar menos espaço numa garagem durante intervalos de manutenção.
Em modelos destinados a aplicações rodoviárias, o maior custo já fica mais diluído no preço final do veículo, além de evoluções no desenvolvimento das "células de sobrevivência" derrubarem mitos acerca de uma proteção inferior ao motorista em caso de colisão frontal.
Mesmo alguns "big rigs" de origem americana, famosos pelas amplas e luxuosas cabines-leito, hoje são disponibilizados com cabine avançada. Sobretudo em mercados de exportação, com restrições jurídicas ao comprimento total dos veículos, acabam viabilizando a manutenção de níveis de conforto sem sacrificar a capacidade de carga como nos tradicionais bonnet-nose.
A meu ver, no entanto, a cabine convencional tem ao menos uma vantagem prática: em caso de manutenção emergencial, por não requerer o basculamento da cabine, é possível que o operador aproveite a pausa para descansar enquanto um mecânico faz os devidos reparos no veículo.
Atualmente, frotas militares também fazem uso de caminhões com cabine avançada. Trata-se de uma aplicação particularmente crítica, onde se por um lado a praticidade já consagrada no mercado civil facilita operações logísticas no campo de batalha, por outro impõe pontuais complexidades adicionais à blindagem da cabine em função do sistema de basculamento, que sofre com níveis de exigência ainda maiores. E no caso de algum reparo emergencial, não é necessário que toda a guarnição deixe o interior do veículo, além de manter a cabine mais facilmente acessível quando for necessário abrigar-se na mesma com rapidez, como diante de um ataque a tiros...
Logo, apesar de todas as qualidades, é difícil sustentar uma afirmação categórica classificando a cabine avançada como uma solução perfeita...
3 comentários:
Também notei q praticamente todos os caminhões novos são de "frente chata"... gostava mais dos antigos e ainda acho q os "focinhudos" são mais seguros para os motoristas e de mais fácil manutenção, mas esses outros argumentos são mais válidos economicamente falando.
Justamente pela facilidade de manutenção que eu sou favorável aos caminhões "bicudos", mas quanto à segurança isso é bastante subjetivo, e acaba sendo influenciado pelo dimensionamento da estrutura da cabine.
o melhor tipo de cabine é mesmo a avançada, melhor dirigibilidade e mais segurança.
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