quarta-feira, 2 de julho de 2014

Breve observação sobre a configuração das portas laterais em furgões

Desde o final de '96, quando a Volkswagen passou a equipar a Kombi brasileira com porta lateral deslizante introduzida nos principais mercados mundiais em '67 com a geração "Clipper", nenhum furgão oferecido regularmente no mercado brasileiro tem contado com porta lateral de folha dupla com abertura convencional.
No entanto, a configuração anterior, mesmo tida como antiquada ainda tem algumas virtudes, a começar pela maior simplicidade: as dobradiças usadas nas portas de folha dupla acabam por requerer menos manutenção periódica como ajustes necessários para manter as portas deslizantes de folha simples corretamente alinhadas, além de não acumular tantos detritos nos trilhos. Somado a isso, a tranca de uma porta deslizante é também mais complexa, e fica submetida a esforços ainda mais severos diante das precárias condições da pavimentação em muitas vias brasileiras quando não é mantido o correto alinhamento.

O custo de produção também poderia soar atrativo para que eventualmente fosse retomada a oferta de portas não-deslizantes nos furgões, a exemplo do que aconteceu com a Volkswagen que entre '76 e '96 aplicou na Kombi brasileira apenas a frente da "Clipper" mas não oferecia a porta deslizante nem como opcional. Ironicamente, a partir de '79 quando a série T3 (Europa)/Vanagon (Estados Unidos)/Microbus (África do Sul) estreou, a "Clipper" passou a ser feita no Brasil visando principalmente a exportação para o México, visto que a T3 era tida como muito cara mas a Kombi "bay-window" brasileira podia ser vista como um retrocesso no país dos mariachis.

Outro caso que salta aos olhos é das microvans chinesas, que tiveram um bom momento no mercado brasileiro até a obrigatoriedade de airbag frontal e freios com ABS ser implementada no começo desse ano: evidentemente que em virtude do tamanho compacto seria exagero querer folha dupla, mas nada impediria o uso de portas não-deslizantes como se pode ver em alguns modelos que circulam pelo Uruguai, principalmente ao salientar que o custo foi fator preponderante para que viessem a conquistar algum espaço.
Não é difícil aproveitar as mesmas portas das versões pick-up de cabine dupla para racionalizar a escala de produção.

Tomando por referência o Fiat Ducato, não seria economicamente inviável que o modelo passasse a contar com a opção por uma porta lateral não deslizante de folha dupla em alternativa à porta deslizante de folha simples oferecida como padrão. Poderia até se ganhar em economia de escala e facilidade na reposição de peças ao usar dobradiças e trancas do mesmo tipo aplicado à porta traseira.

A única vantagem prática das portas deslizantes é o menor ângulo de abertura, algo desejável em espaços mais estreitos, mas que acaba sendo indiferente em outras situações...
Considerando também alguns modelos que foram oferecidos não só como furgão integral mas também na configuração de chassi-e-cabine para implementações diversas como os Mercedes-Benz MB180-D e Sprinter e o Ford Transit, quando são adaptadas carrocerias baú com alguma porta lateral normalmente é não-deslizante, mesmo que seja de folha simples.

É fácil deduzir que uma porta lateral não-deslizante de folha dupla se mostra tão ou mais adequada a diferentes condições operacionais que uma porta deslizante de folha simples, sendo portanto equivocada qualquer percepção referente a uma suposta inferioridade técnica.

Um comentário:

Jorge disse...

Não tenho saudade das kombis, mas realmente essa porta antiga até que não era tão ruim como uns e outros dizem.

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