terça-feira, 20 de novembro de 2012

Breve reflexão sobre motocicletas e preconceito

O mercado motociclístico brasileiro tem um grande volume de vendas, e vem atingindo um estágio evolutivo tão alto que motivou até a conservadora Honda a introduzir localmente alguns modelos como a CBR250 importada da Tailândia e a Transalp já fabricada em Manaus.

O custo operacional reduzido em comparação com um automóvel de desempenho similar favorece a aceitação da motocicleta em diferentes aplicações, como por exemplo em operações policiais, mas ainda assim ocorre uma intensa estigmatização dos motociclistas, não importando se estão numa Honda Biz ou numa Yamaha YZF-R1...
Não é difícil encontrar quem brade aos quatro ventos que as motocicletas deveriam ser extintas, que "todo motoqueiro é irresponsável", aparentemente ignorando as vantagens trazidas pelas motocicletas ao proporcionar grande agilidade na movimentação de pequenas cargas, de pizzas a documentos. Mesmo o maior crítico já se beneficiou do serviço de um motociclista em algum momento...

Para muitos usuários, a motocicleta acaba se mostrando a alternativa mais viável para não depender do transporte coletivo, que não oferece a mesma liberdade na definição dos itinerários. Mesmo quando o custo de manutenção de um carro popular pode ser considerado alto, há alternativas com boa relação custo/benefício entre as motocicletas de baixa cilindrada.

Não é possível ignorar que a condução de motocicletas oferece alguns riscos, tanto pela exposição a diversos elementos quanto pela condução ser um desafio à lei da gravidade, mas a bem da verdade nas mãos de um mau condutor até mesmo um Volvo pode se tornar uma armadilha. E apesar de estar mais vulnerável a acidentes provocados por terceiros, técnicas de pilotagem defensiva acabam por proporcionar mais segurança...

É interessante notar que os usuários de motocicletas mais simples não são os únicos estigmatizados. Mesmo o proprietário de um modelo mais sofisticado como uma Ducati Multistrada ou uma Harley-Davidson Electra Glide, entre outras, pode eventualmente ser apontado pejorativamente como "playboy", partindo de uma visão simplória das motocicletas de alta cilindrada como um mero "brinquedão". Ironicamente, ao tomar por referência tanto a taxa de ocupação média de um automóvel nas grandes cidades, que não raro atinge menos de 2 passageiros por carro, e também as dimensões dos veículos, uma motocicleta pode ser considerada mais eficiente em termos de racionalização da plataforma de carga até mesmo que um automóvel subcompacto.

Na prática do off-road recreativo, eventualmente ocorrem animosidades contra motociclistas, mas de um modo geral julgar o caráter do condutor em função do tipo de veículo é incoerente. Além do mais, o impacto ambiental de uma motocicleta ao longo de toda a vida útil ainda é menor que o de um utilitário 4X4, tanto em função do menor consumo de combustível (e por conseguinte menor emissão de gases poluentes) quanto pela maior simplicidade técnica e menor necessidade de peças de reposição, levando também a um menor custo operacional. A pressão sobre o solo também é menos intensa numa motocicleta, favorecida pela leveza.

Logo, por mais que de vez em quando se demonize as motocicletas, não se pode negar que oferecem algumas qualidades...

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