Para quem precisava de um veículo de carga com carroceria aberta e capacidade de carga em torno de uma tonelada, mas com porte mais compacto, a Kombi "cabrita" era basicamente a única alternativa disponível, num cenário que se manteve da década de 50 até os anos 90 com a abertura das importações.
Apenas a partir da década de 90 que as pick-ups médias começavam a ganhar alguma força no mercado brasileiro, com especial destaque para as japonesas, como a Mazda B2200, que preservavam capacidade de carga próxima às full-size num conjunto mais compacto e leve, que também incorporava motores Diesel mais leves, econômicos e de funcionamento mais suave.
A ampla oferta de cabine dupla original de fábrica, que sempre esteve mais limitada nas full-size de fabricação brasileira, pesou favoravelmente às pick-ups médias japonesas. Oferecendo um pacote adequado tanto ao trabalho quanto ao uso recreacional e familiar, aliado ao status que os veículos importados conferiam em um mercado que havia permanecido por muito tempo imerso a uma profunda obsolescência, começavam a mudar a preferência do consumidor brasileiro.
Já nas full-size, em função da participação de mercado ter ficado mais retraída, o cenário se mostrava mais propício à continuidade das adaptações de cabines duplas artesanais, que já tiveram épocas mais gloriosas quando supriam parte da demanda reprimida por veículos mais luxuosos durante a época de restrições à importação mas atualmente são estigmatizadas como algo "brega" a exemplo de tantos outros modismos da década de 80.
A primeira fabricante a se retirar do segmento das pick-ups full-size no mercado local foi a Chevrolet, descontinuando a produção da Silverado entre o fim de 2001 e o início de 2002. À época, opções como tração 4X4 e cabine dupla não eram disponíveis para a Silverado brasileira, apesar de serem oferecidas na S10.
A bem da verdade, o tamanho mais compacto de uma pick-up média em comparação com uma full-size muitas vezes se mostra mais adequado a um veículo de serviço...
Já entre o fim de 2011 e início de 2012, foi a vez da Ford aproveitar a deixa das novas normas ambientais mais rigorosas para tirar a F250 e a F350 de linha. Apesar de não ser impossível enquadrar os modelos nas novas diretrizes, incorporar dispositivos de controle de emissões como o DPF e o EGR (ou o SCR) traria um aumento no custo e, associados ao gerenciamento eletrônico que ainda não era presente na F350 mas se tornaria impreterível, também acarretaria uma maior complexidade na manutenção. Acabou restando no mercado local apenas a Ram 2500 importada do México, que aproveita mais a escala de produção dos modelos destinados ao mercado norte-americano, com o motor Cummins de 6 cilindros (ISB5.9 para as Euro-3 e ISB6.7 para as Euro-5) e câmbio automático, enquanto as full-size de fabricação brasileira costumavam trazer uma configuração mecânica diferenciada, com motores menores que os dos equivalentes americanos e somente câmbio manual.
Além das pick-ups médias, outra classe de veículos que acabou trazendo uma competição dura para as pick-ups full-size, ainda que mais restrita ao uso profissional, foram modelos baseados na plataforma de furgões de cabine semi-avançada de origem européia como a Mercedes-Benz Sprinter, e caminhonetes de origem asiática com cabine avançada como a Kia Bongo, que além de concepção mecânica mais leve traziam uma maior racionalização da extensão da plataforma de carga.
Hoje as full-size, se antes reinavam soberanas, estão mais relegadas a uma forte nostalgia, evocada por aparições como a de uma Ford F100 da década de 60.
Um comentário:
Podem dizer o que quiserem, mas melhor que uma D20 com kit de tração da Engesa até hoje não tem.
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