sexta-feira, 1 de junho de 2012

Motocicletas: boa relação entre custo operacional e impacto ambiental para o off-road recreativo

Não é de hoje que o off-road recreativo conquista uma quantidade expressiva de entusiastas. Um lazer agradável, e até certo ponto bastante "democrático" em função da grande variedade de veículos com características técnicas que os credenciem para enfrentar terrenos mais difíceis. E nesse cenário as motocicletas apresentam-se como uma boa alternativa em virtude do custo de aquisição inferior, bem como de custo operacional e impacto ambiental reduzidos em comparação com veículos maiores...

Uma característica bastante apreciável nas motocicletas é a amplitude dos ângulos de ataque e saída, bem como as inclinações laterais admissíveis, conferindo uma capacidade de incursão acima da média mesmo em comparação com os melhores veículos off-road de 4 rodas.
Assim, pode-se deduzir que mesmo em alguns pontos onde até um Hummer sofre para transpor, uma motocicleta pode passar sem maiores dificuldades...
Ainda que a arcaica e mal-formulada legislação brasileira seja desfavorável ao uso de motores a diesel em motocicletas, o peso mais contido e os motores mais compactos que se mostram suficientes a esse tipo de veículo contribuem de forma significativa para uma boa economia de combustível, ainda que acabem sendo abdicadas algumas vantagens técnicas do ciclo Diesel como a ausência de um sistema de ignição elétrico e adaptabilidade a combustíveis alternativos durante uma eventual emergência.

Outro fator que proporciona uma significativa redução do custo operacional é a simplicidade mecânica: em modelos mais simples ainda é muito popular o uso de motores refrigerados a ar, o que elimina gastos com manutenção preventiva e eventuais substituições e reparos do radiador e de outros componentes diversos como uma bomba d'água.
Em veículos maiores, tal vantagem está mais restrita aos caminhões Tatra e a veículos especiais baseados na clássica mecânica Volkswagen, entre os quais destacam-se "gaiolas" e  bajas.
Também merece destaque nas motocicletas a ausência de um diferencial, que apesar de ser essencial num modelo de 4 rodas para manter a dirigibilidade em pistas pavimentadas é absolutamente desnecessário numa motocicleta pelo fato de ser empregada apenas uma roda motriz.

Mesmo em motocicletas com transmissão secundária (do câmbio à roda) por eixo cardan, embora seja comum referir-se à presença de um "diferencial", não se enquadra na definição mais usual desse dispositivo, destinado a manter a diferença entre a velocidade das rodas conectadas ao mesmo eixo para que uma curva seja feita com menor risco de perder aderência e acentuar o desgaste dos pneus que tenham percorrido a curva por dentro. Na prática, apesar da transmissão por cardã ter a vantagem da manutenção menos constante, vale lembrar que o pseudo-diferencial acaba dificultando alterações nas relações de marcha, enquanto num modelo mais simples com transmissão final por corrente a troca de coroa e pinhão é feita de forma mais rápida e com custo menor, o que torna mais fácil adequar a moto a diferentes regiões em função da topografia. No caso, com uma relação mais curta ganha-se em vigor nas respostas ao acelerador e capacidade de transpor aclives acentuados pela menor desmultiplicação do torque mas perde-se velocidade final, o que pode prejudicar o desempenho em deslocamentos rodoviários, enquanto uma relação mais longa acaba por exigir uma aceleração mais alta para a transposição de aclives - que de um modo geral já fica mais restrita.
Algumas motocicletas com motores de maior cilindrada, e por conseguinte com potência e torque mais abundantes, são menos sensíveis a esse problema, mas acaba-se agregando algum peso que dificulta incursões em áreas de mato mais fechado ou com curvas mais travadas. Nesse cenário, os motores 2-tempos acabam apresentando-se como uma boa alternativa em função da relação peso/potência mais favorável e do layout mais compacto.
Também é digna de nota a questão do descarte de óleo lubrificante usado, que acaba sendo uma desvantagem dos motores 4-tempos: apesar da maioria dos modelos atualmente disponíveis no mercado poder contar com o mesmo óleo tanto para o motor quanto para o câmbio, ao contrário dos 2-tempos que normalmente requerem um óleo específico para ser misturado ao combustível e queimado junto a este, num 4-tempos o lubrificante usado acaba se tornando um resíduo a mais para ser recolhido e reprocessado com um cuidado que ainda não é tão presente na realidade brasileira. Também é digna de nota a questão de quando se usa um motor 2-tempos acabar viabilizando o uso de lubrificantes específicos para o câmbio, que muitas vezes superam a vida útil do óleo de motor e assim requerem menos substituições.
Considerando novamente a maior simplicidade mecânica, uma moto acaba exigindo uma quantidade menor de lubrificantes, o que também contribui para uma redução no custo operacional em comparação com outros veículos off-road.
Outro ponto a destacar refere-se aos pneus: além do custo de substituição ser mais em conta numa motocicleta, um problema muito sério associado ao descarte inadequado desse componente tem sido a proliferação do mosquito da dengue devido ao acúmulo de água ao serem acondicionados de forma inadequada sem proteção contra as intempéries. E além da quantidade menor, um pneu de motocicleta acaba sendo mais compacto, o que além de requerer menos espaço para armazenamento dos pneus quando fora de uso diminui a proporção de um eventual acúmulo de água parada.

A compactação do solo é outro aspecto a ser considerado: mesmo com uma banda de rodagem mais estreita, proporcionalmente uma motocicleta exerce menos pressão sobre a superfície em função do peso mais contido.
Enquanto as motocicletas "trail" mais simples dificilmente ultrapassam 150 quilos (desconsiderando o peso do piloto), uma "gaiola" chega nos 600 quilos e um Jeep supera a barreira de uma tonelada com facilidade.

Para quem busca conciliar a versatilidade e a leveza das motocicletas com a estabilidade das 4 rodas um quadriciclo pode ser uma boa opção. Há desde modelos com posição de pilotagem semelhante às motocicletas até os side-by-side com uma cabine semelhante à de uma caminhonete. A meu ver, além da maior proteção contra capotamentos proporcionada pela estrutura tubular, outra grande vantagem de um side-by-side é a facilidade em adaptar para que condutores com alguma deficiência física também possam disfrutar dos prazeres do off-road.

A meu ver, é importante lembrar que mesmo com um custo operacional mais alto eu não me disponho a desmerecer as qualidades de veículos recreativos off-road com um porte maior. Considero, no entanto, que para muitos "jipeiros" fanáticos pode ser interessante abrir mais a mente e experimentar a diversão que as motos oferecem...

3 comentários:

Dieselboy sa Maynila disse...

Mes pasado me fui a China, donde hay muchos motorcyclos a precios atractivos, y quedome con ganas de comprar un proximamente. Además, tambien hay muchos de eses side-by-side, incluso hay quien los usa mismo por las calles.

Anônimo disse...

na trilha jipeiro passa sufoco porcausa do peso enquanto moto passa facil em qualquer pindaiba mais apertada, de xlr125 eu ja deixei muito playboy de troller com 20 mil em acessorio pra tras

Flávio disse...

Sempre gostei de jipe mas cheguei a andar de moto na trilha algumas vezes. Acho até um pouco mais cansativo pilotar moto mas também é divertido, até comprei faz pouco tempo uma XTZ 125 só para usar na praia.

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